quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

O Sinal de Santificação


Introdução


Deus disse aos israelitas, por intermédio do profeta Ezequiel: «E também lhes dei os meus sábados, para que servissem de sinal entre mim e eles: para que soubessem que eu sou o Senhor que os santifica» (20:12).

Por estas palavras vemos que o Sábado não é só um memorial da criação. É também um sinal de santificação. O mesmo será dizer um sinal de regeneração, de conversão e novo nascimento. Aqueles que se recusam a santificar o Sábado, ainda que se digam cristãos, não compreenderam o vasto alcance do seu significado e simbolismo em todo o plano da redenção. Porque o Sábado está ligado tanto à obra da criação como à da recriação ou regeneração. Tanto uma como a outra operadas pelo mesmo Senhor.

1. Sinal de Repouso Espiritual

 Além de servir como dia de descanso físico e para retempero das nossas energias, despendidas durante uma semana de trabalho, o Sábado é também um sinal de descanso espiritual. (Ver Mat. 11:28-29; Heb. 4:4-11). Aqueles que estão em paz com Deus, não se sentem sob constante pressão face aos afazeres desta vida presente. Sentirão o espírito desprendido para gozar da comunhão com Deus no Seu santo dia. Aquilo que têm a fazer é relegado para segundo plano, a fim de buscarem a Deus e a Sua justiça (Mat. 6:33). E ao fazerem isto não se sentirão decepcionados, antes pelo contrário, sentir-se-ão realizados e felizes por encontrarem o verdadeiro objectivo e sentido da vida. Estão-se preparando para a eternidade e tudo o que se relaciona com essa preparação os faz viver felizes e contentes, bem como em completa paz.

Quem aceitou Cristo como seu Salvador e Senhor, mudou de amo. O seu amo anterior estava empenhado em escravizá-lo no pecado, nas diversões mundanas e ruidosas, bem como na obsessão das coisas materiais. Não lhe deixava tempo para passar alguns momentos a sós com Deus. Agora que o seu novo amo é o Senhor Jesus, Ele o dirigirá «a águas tranquilas» (Sal. 23:2). Passará a sentir prazer em ter um encontro semanal com Deus, porque encontrou repouso para a sua alma no perdão dos seus pecados. O Senhor que o perdoou é também o Senhor do Sábado. E como tal o repouso do perdão está ligado ao repouso do Sábado. Bem-aventurados aqueles que obtêm este repouso. Os tais nunca lamentarão ou sentirão o repouso sabático como um fardo, mas antes como uma lembrança feliz do repouso que obtiveram quando sentiram estar perdoados dos seus pecados.

A obediência é um testemunho exterior da nossa aceitação de Cristo. É o resultado da nossa nova vida em Cristo. E nada melhor do que a observância do Sábado para indicar essa nova vida em Cristo, o qual é um sinal de santificação entre nós e Deus, o Criador. Sinal de santificação significa que fomos salvos, perdoados, santificados por Deus em Cristo Jesus.

2. O Teste Final

Imediatamente antes de Cristo vir à Terra, Satanás empenhar-se-á, com todas as suas forças, no sentido de prender nas suas malhas o maior número possível de seres humanos, homens, mulheres, jovens e crianças. Mediante engano, subterfúgio, ilusão, engodo e até prodígios no céu e na Terra levá-los-á a rejeitar todos os princípios divinos, enquanto pensam estar a rejeitar os princípios satânicos (Mat. 24:24). Ao mesmo tempo leva-os a abraçar, com toda a lealdade, os princípios por ele mesmo formulados. E aqueles que não se deixarem enganar serão marcados como desleais para com Deus e as autoridades, tanto nacionais como regionais ou locais. Será um tempo de grande provação. Os escolhidos do Senhor não terão qualquer evidência palpável de terem a protecção ou a presença de Deus com eles. Precisam de agir pela fé. Confiando inteiramente nas promessas de Deus não se conformarão às exigências das autoridades terrenas, porque sabem que se o fizessem estariam a conformar-se com os reclamos de sua majestade satânica. Sabem que não podem, de modo algum, trair o seu Senhor numa altura tão pejada de interesses eternos para todos os viventes terrestres. Compreendem, melhor do que nunca, que é preferível a morte a transgredirem qualquer dos santos mandamentos de Deus.


Mas todo esse esforço satânico se concentrará, preferentemente, no quarto mandamento – o mandamento que ordena a santificação do sétimo dia da semana como «o Sábado do Senhor, teu Deus» (Êxodo 20:10). E isto porque este é o mandamento que apresenta o Criador como o único Deus verdadeiro, e como tal o único a ter direito à adoração e homenagem das Suas criaturas. É o mandamento que contém o selo do Deus vivo, o qual identifica os que o guardam como filhos e filhas de Deus. E como tal os únicos a terem direito a entrar na cidade celestial pelas portas (Apoc. 22:14). «Declarai o que Deus disse com relação à mentira, à transgressão do Sábado, ao roubo, à idolatria e a todos os outros males. ‘Os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus’. (Gál. 5:21).» (Obreiros Evangélicos, p. 502).


«Não está longe o tempo quando virá a prova a cada alma. A observância do falso sábado será imposta sobre todos. A controvérsia será entre os mandamentos de Deus e os mandamentos dos homens. Os que, passo a passo, se têm rendido às exigências mundanas e se conformado a costumes mundanos, render-se-ão então aos poderes existentes em vez de se sujeitarem à irrisão, ao insulto, às ameaças de prisão e morte. Nesse tempo o ouro será separado da escória. A verdadeira piedade será claramente distinguida da piedade aparente e fictícia. Muitas estrelas que temos admirado pelo seu brilho tornar-se-ão trevas. Os que têm cingido os ornamentos do santuário, mas não estão vestidos com a justiça de Cristo, aparecerão então na vergonha da sua própria nudez.» (Profetas e Reis, p. 188).


«A questão do Sábado será o ponto de controvérsia no grande conflito em que o mundo todo tomará parte.» (Ellen G. White, Manuscrito 88, 1897).


«O Sábado do quarto mandamento é a prova para este tempo, ...» (Evangelismo, p. 213).

3. Sinal de Repouso Celestial 

O Sábado é ainda um sinal do repouso celestial. «Portanto resta ainda um repouso para o povo de Deus» (Heb. 4:9). Os que guardam o Sábado, aqui e agora, estão a preparar-se para o repouso celestial, porque com o repouso sabático presente, estãose desprendendo dos cuidados desta vida, para se fixarem nas coisas celestiais. E só os que assim agora procederem estarão aptos a apreciar as delícias da eternidade. Os que se recusam a submeter a Deus, observando o Seu santo Sábado, não achariam nada atraente a atmosfera celestial. Sentir-se-iam aí enfadados, por estarem privados das coisas que agora estimam e têm por satisfação suprema.

Deus não pretende nem pode levar para o Seu reino aqueles que agora recusam os princípios que aí governam. Ter vida eterna e imortal é para aqueles que aceitam as condições divinas. Se a vida presente está cheia de condições para tudo, porque nos admirar que haja condições para a vida eterna?

Se o Sábado foi dado apenas para os judeus, como muitos pretensos cristãos afirmam, então também o foram os outros mandamentos, tais como: «Não matarás, não furtarás, não adulterarás», etc. Nesse caso tais mandamentos não são de valor algum para os cristãos, não é verdade? São uns iludidos os que pensam poder ter a vida eterna e não obstante desobedecerem a um mandamento do Senhor.

Há hoje pessoas que se dizem cristãs e que estão no mesmo dilema em que se encontravam os judeus no tempo de Cristo:

- Eles pensavam que a salvação era somente para os judeus.

- Tais cristãos pensam que o Sábado foi somente para os judeus.

Ora nós sabemos que tanto a salvação como o Sábado são para todos os povos, sem excepção, para todo aquele que crer em Cristo como seu Salvador e Senhor.

O Sábado é uma verdade de origem divina. Aceitá-lo significa aceitar o Senhor que o originou. Rejeitá-lo significa rejeitar o Senhor Jesus. Portanto, da sua aceitação ou rejeição depende o nosso futuro eterno, pois Jesus Cristo mesmo disse: «Quem me rejeitar e as minhas palavras, também eu o rejeitarei (negarei) diante de meu Pai que está nos céus» (Marcos 8:38; Lucas 9:26).

Conclusão 

O poder que Deus manifestou em trazer à existência, do nada, tudo quanto existe, é o mesmo que pode transformar uma vida depravada em vida santificada. O indivíduo, que assim foi transformado, reconhece a sua dependência d’Aquele que assim o transformou, passando a viver segundo os mandamentos de Deus e a fé de Jesus. Só o indivíduo que foi assim transformado está apto a observar o Sábado, que evidencia ou é símbolo da sua santificação. Por seu lado, Deus reconhece tal indivíduo como Seu e coloca sobre ele o Seu selo de aprovação. «Todavia, o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus e, qualquer que profere o nome do Senhor aparte-se da iniquidade» (II Tim. 2:19).

(Manuel Nobre Cordeiro).

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