Introdução
Deus
disse aos israelitas, por intermédio do profeta Ezequiel: «E também
lhes dei os meus sábados, para que servissem de sinal entre mim e
eles: para que soubessem que eu sou o Senhor que os santifica»
(20:12).
Por
estas palavras vemos que o Sábado não é só um memorial da
criação. É também um sinal de santificação. O mesmo será dizer
um sinal de regeneração, de conversão e novo nascimento. Aqueles
que se recusam a santificar o Sábado, ainda que se digam cristãos,
não compreenderam o vasto alcance do seu significado e simbolismo em
todo o plano da redenção.
Porque
o Sábado está ligado tanto à obra da criação como à da
recriação ou regeneração. Tanto uma como a outra operadas pelo
mesmo Senhor.
1.
Sinal de Repouso Espiritual
Além
de servir como dia de descanso físico e para retempero das nossas
energias, despendidas durante uma semana de trabalho, o Sábado é
também um sinal de descanso espiritual. (Ver Mat. 11:28-29; Heb.
4:4-11).
Aqueles
que estão em paz com Deus, não se sentem sob constante pressão
face aos afazeres desta vida presente. Sentirão o espírito
desprendido para gozar da comunhão com Deus no Seu santo dia. Aquilo
que têm a fazer é relegado para segundo plano, a fim de buscarem a
Deus e a Sua justiça
(Mat.
6:33).
E ao
fazerem isto não se sentirão decepcionados, antes pelo contrário,
sentir-se- ão realizados e felizes por encontrarem o verdadeiro
objectivo e sentido da vida. Estão-se preparando para a eternidade e
tudo o que se relaciona com essa preparação os faz viver felizes e
contentes, bem como em completa paz.
Quem
aceitou Cristo como seu Salvador e Senhor, mudou de amo. O seu amo
anterior estava empenhado em escravizá-lo no pecado, nas diversões
mundanas e ruidosas, bem como na obsessão das coisas materiais.
Não
lhe deixava tempo para passar alguns momentos a sós com Deus. Agora
que o seu novo amo é o Senhor Jesus, Ele o dirigirá
«a
águas tranquilas» (Sal. 23:2). Passará a sentir prazer em ter um
encontro semanal com Deus, porque encontrou repouso para a sua alma
no perdão dos seus pecados.
O
Senhor que o perdoou é também o Senhor do Sábado. E como tal o
repouso do perdão está ligado ao repouso do Sábado.
Bem-aventurados aqueles que obtêm este repouso.
Os
tais nunca lamentarão ou sentirão o repouso sabático como um
fardo, mas antes como uma lembrança feliz do repouso que obtiveram
quando sentiram estar perdoados dos seus pecados.
A
obediência é um testemunho exterior da nossa aceitação de Cristo.
É o resultado da nossa nova vida em Cristo. E nada melhor do que a
observância do Sábado para indicar essa nova vida em Cristo, o qual
é um sinal de santificação entre nós e Deus, o Criador.
Sinal
de santificação significa que fomos salvos, perdoados, santificados
por Deus em Cristo Jesus.
2.
O Teste Final
Imediatamente
antes de Cristo vir à Terra, Satanás empenhar-se- á, com todas as
suas forças, no sentido de prender nas suas malhas o maior número
possível de seres humanos, homens, mulheres, jovens e crianças.
Mediante engano, subterfúgio, ilusão, engodo e até prodígios no
céu e na Terra levá-los- á a rejeitar todos os princípios
divinos, enquanto pensam estar a rejeitar os princípios satânicos
(Mat. 24:24).
Ao
mesmo tempo leva-os a abraçar, com toda a lealdade, os princípios
por ele mesmo formulados. E aqueles que não se deixarem enganar
serão marcados como desleais para com Deus e as autoridades, tanto
nacionais como regionais ou locais. Será um tempo de grande
provação. Os escolhidos do Senhor não terão qualquer evidência
palpável de terem a protecção ou a presença de Deus com eles.
Precisam
de agir pela fé. Confiando inteiramente nas promessas de Deus não
se conformarão às exigências das autoridades terrenas, porque
sabem que se o fizessem estariam a conformar-se com os reclamos de
sua majestade satânica.
Sabem
que não podem, de modo algum, trair o seu Senhor numa altura tão
pejada de interesses eternos para todos os viventes terrestres.
Compreendem, melhor do que nunca, que é preferível a morte a
transgredirem qualquer dos santos mandamentos de Deus.
Mas
todo esse esforço satânico se concentrará, preferentemente, no
quarto mandamento
–
o
mandamento que ordena a santificação do sétimo dia da semana como
«o Sábado do
Senhor,
teu Deus» (Êxodo 20:10).
E
isto porque este é o mandamento que apresenta o Criador como o único
Deus verdadeiro, e como tal o único a ter direito à adoração e
homenagem das Suas criaturas. É o mandamento que contém o selo do
Deus vivo, o qual identifica os que o guardam como filhos e filhas de
Deus. E como tal os únicos a terem direito a entrar na cidade
celestial pelas portas (Apoc. 22:14).
«Declarai
oque Deus disse com relação à mentira, à transgressão do Sábado,
ao roubo, à idolatria e a todos os outros males. ‘Os que cometem
tais coisas não herdarão o reino de Deus’. (Gál.5:21).»
(Obreiros Evangélicos, p. 502).
«Não
está longe o tempo quando virá a prova a cada alma. A observância
do falso sábado será imposta sobre todos. A controvérsia será
entre os mandamentos de Deus e os mandamentos dos homens.
Os
que, passo a passo, se têm rendido às exigências mundanas e se
conformado a costumes mundanos, render-se- ão então aos poderes
existentes em vez de se sujeitarem à irrisão, ao insulto, às
ameaças de prisão e morte.
Nesse
tempo o ouro será separado da escória.
A
verdadeira piedade será claramente distinguida da piedade aparente e
fictícia. Muitas estrelas que temos admirado pelo seu brilho
tornar-se- ão trevas. Os que têm cingido os ornamentos do
santuário, mas não estão vestidos com a justiça de Cristo,
aparecerão então na vergonha da sua própria nudez.» (Profetas e
Reis, p. 188).
«A
questão do Sábado será o ponto de controvérsia no grande conflito
em que o mundo todo tomará parte.» (Ellen G. White, Manuscrito 88,
1897).
«O
Sábado do quarto mandamento é a prova para este tempo, ...»
(Evangelismo, p. 213).
3.
Sinal de Repouso Celestial
O
Sábado é ainda um sinal do repouso celestial. «Portanto resta
ainda um repouso para o povo de Deus» (Heb. 4:9). Os que guardam o
Sábado, aqui e agora, estão a preparar-se para o repouso celestial,
porque com o repouso sabático presente, estão-se desprendendo dos
cuidados desta vida, para se fixarem nas coisas celestiais.
E
só os que assim agora procederem estarão aptos a apreciar as
delícias da eternidade. Os que se recusam a submeter a Deus,
observando o Seu santo Sábado, não achariam nada atraente a
atmosfera celestial. Sentir-se- iam aí enfadados, por estarem
privados das coisas que agora estimam e têm por satisfação
suprema.
Deus
não pretende nem pode levar para o Seu reino aqueles que agora
recusam os princípios que aí governam. Ter vida eterna e imortal é
para aqueles que aceitam as condições divinas. Se a vida presente
está cheia de condições para tudo, porque nos admirar que haja
condições para a vida eterna?
Se
o Sábado foi dado apenas para os judeus, como muitos pretensos
cristãos afirmam, então também o foram os outros mandamentos, tais
como: «Não matarás, não furtarás, não adulterarás», etc.
Nesse
caso tais mandamentos não são de valor algum para os cristãos, não
é verdade? São uns iludidos os que pensam poder ter a vida eterna e
não obstante desobedecerem a um mandamento do Senhor.
Há
hoje pessoas que se dizem cristãs e que estão no mesmo dilema em
que se encontravam os judeus no tempo de Cristo:
-
Eles pensavam que a salvação era somente para os judeus.
-
Tais cristãos pensam que o Sábado foi somente para os judeus.
Ora
nós sabemos que tanto a salvação como o Sábado são para todos os
povos, sem excepção, para todo aquele que crer em Cristo como seu
Salvador e Senhor.
O
Sábado é uma verdade de origem divina. Aceitá-lo significa aceitar
o Senhor que o originou. Rejeitá-lo significa rejeitar o Senhor
Jesus. Portanto, da sua aceitação ou rejeição depende o nosso
futuro eterno, pois Jesus Cristo mesmo disse:
«Quem
me rejeitar e as minhas palavras, também eu o rejeitarei (negarei)
diante de meu Pai que está nos céus» (Marcos 8:38; Lucas 9:26).
Conclusão
O
poder que Deus manifestou em trazer à existência, do nada, tudo
quanto existe, é o mesmo que pode transformar uma vida depravada em
vida santificada. O indivíduo, que assim foi transformado, reconhece
a sua dependência d’Aquele que assim o transformou, passando a
viver segundo os mandamentos de Deus e a fé de Jesus.
Só
o indivíduo que foi assim transformado está apto a observar o
Sábado, que evidencia ou é símbolo da sua santificação. Por seu
lado, Deus reconhece tal indivíduo como Seu e coloca sobre ele o Seu
selo de aprovação.
«Todavia,
o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os
que são seus e, qualquer que profere o nome do Senhor aparte-se da
iniquidade» (II Tim. 2:19).
(Manuel
Nobre Cordeiro).
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