Introdução
Não é vulgar ouvirmos falar
de um homem a lutar com um anjo. Mas tal aconteceu há quase 4000
anos, entre Jacob e o Anjo do Senhor (Génesis 32). Como resultado
dessa luta o anjo mudou o nome de Jacob para “Israel”.
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O Significado do Nome Israel
A
primeira vez que aparece o nome “Israel” na Bíblia foi quando
Jacob lutou com o Anjo e prevaleceu (Gén. 32:26-28). O Senhor então
mudou-lhe o nome de Jacob (suplantador, vigarista, enganador), para
Israel (como príncipe lutaste com os homens e com Deus e
prevaleceste).
Os nomes na Bíblia são
descrições do carácter das pessoas. Jacob descrevia o homem de
pecado. Israel o novo homem vitorioso sobre o pecado pelo poder do
anjo, com quem lutou. Quando o Anjo lhe perguntou o nome, Ele já
sabia a resposta. Mas Ele quis que o próprio Jacob o pronunciasse
para com isso representar a sua humilde, confissão e afastamento do
pecado. Jacob saiu vencedor no teste. Arrependeu-se e colocou-se na
inteira dependência da misericórdia de Deus.
A resposta: «Não se chamará
mais o teu nome Jacob, mas Israel», revelou que Deus lhe dera um
novo carácter! Assim o nome “Israel” era um nome espiritual,
simbolizando a vitória espiritual de Jacob sobre o seu pecado de
engano do passado. Noutras palavras o homem “Jacob” era agora um
“Israel” espiritual.
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O Povo de Israel
Israel
teve 12 filhos, cujos descendentes saíram do Egipto para Canaã
(Êxodo 1:1-5). Os filhos de Israel tinham-se multiplicado muito no
Egipto. A partir de certa altura, o faraó, que não conhecera José,
impôs-lhes a escravidão, que durou até ao tempo de Moisés. Então
Deus disse a Moisés: «Diz a faraó, assim diz o Senhor, Israel é o
meu filho, o meu primogénito. ... Deixa ir o meu filho.» (Êxodo
4:22-23).
Vemos por estas palavras que o
nome Israel se expande. Não mais se aplica unicamente a Jacob, mas
também aos seus descendentes. A nação é agora chamada “Israel”.
Assim este nome foi primeiramente aplicado a um homem vitorioso e
depois a um povo. Era desejo de Deus que também esta nova nação
fosse vitoriosa, como fora Jacob, pela fé n’Ele. Deus chamou a
esta nova nação de Israel «o meu filho ... o meu primogénito».
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Outros Nomes Aplicados a Israel
Israel
foi chamado uma “vinha” que Deus «trouxe do Egipto» (Sal.
80:8). Deus disse: «Mas tu, Israel, és o meu servo, ... a semente
de Abraão» (Isa. 41:8). Deus também se referiu a Israel como o meu
eleito (Isa. 45:4). Ainda por intermédio de Isaías Deus diz de
Israel o seguinte: «Eis aqui o meu Servo, a quem sustenho, o meu
Eleito, em quem se compraz a minha alma; pus o meu espírito sobre
ele; juízo produzirá entre os gentios. Não clamará, não se
exaltará, nem fará ouvir a sua voz na praça. A cana trilhada não
quebrará, nem apagará o pavio que fumega: em verdade, produzirá o
juízo; não faltará, nem será quebrantado, até que ponha na terra
o juízo: e as ilhas aguardarão a sua doutrina.» (Isa. 42:1-4). Não
esqueçamos que todas estas palavras se aplicaram originalmente à
nação de Israel.
Por volta do ano 800 a. C., o
Senhor disse por intermédio do profeta Oséas: «Quando Israel era
menino, eu o amei; e do Egipto chamei a meu filho.» (Os. 11:1). No
entanto, por este tempo a nação de Israel, que Deus amara, deixara
de viver à altura do significado do seu próprio nome. Não tinha
vivido vitoriosamente. Com tristeza, Deus declarou: «Mas, como os
chamavam, assim se iam da sua face: sacrificavam a baalins, e
queimavam incenso às imagens de escultura.» (Os. 11:2). Esta frase,
da parte de Deus, é como uma bomba relógio, que vai explodir, de
modo assombroso, na revelação do Novo Testamento.
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A Noite de Luta
«Na
sua noite de angústia, ao lado do Jaboque, quando a destruição
parecia estar precisamente diante dele, ensinara-se a Jacob quão vão
é o auxílio do homem, quão destituída de fundamento é toda a
confiança na força humana. Viu que o seu único auxílio devia vir
d’Aquele contra quem tão ofensivmente pecara. Desamparado e
indigno, rogou a promessa de misericórdia de Deus ao pecador
arrependido. Aquela promessa foi a sua certeza de que Deus o
perdoaria e o aceitaria. Mais facilmente poderiam o céu e a Terra
passar do que falhar aquela palavra; e foi isto o que o alentou
durante aquele terrível conflito.» (Patriarcas e Profetas,
p. 200).
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A Luta do Povo de Deus no Tempo do Fim
«A
experiência de Jacob durante aquela noite de luta e angústia,
representa a prova pela qual o povo de Deus deverá passar
precisamente antes da segunda vinda de Cristo. O profeta Jeremias, em
santa visão, olhando para este tempo, disse: ‘Ouvimos uma voz de
tremor, de tremor mas não de paz. ... Porque se têm tornado
macilentos todos os rostos? Ah! Porque aquele dia é tão grande, que
não houve outro semelhante! E é tempo de angústia para Jacob: ele
porém será livrado dela.» (Jer. 30:5-7).
«Quando Cristo cessar a Sua
obra como mediador em prol do homem, então começará este tempo de
angústia. Ter-se-á então decidido o caso de toda a alma, e não
haverá sangue expiatório para purificar do pecado. Ao deixar Jesus
a Sua posição como intercessor do homem, junto a Deus, faz-se o
solene anúncio: ‘Quem é injusto, faça injustiça ainda; e quem
está sujo, suje-se ainda; e quem é justo, faça justiça ainda; e
quem é santo, seja santificado ainda.» (Apoc. 22:11). Então o
Espírito repressor de Deus é retirado da Terra. Assim como Jacob
foi ameaçado de morte pelo seu irmão irado, o povo de Deus estará
em perigo por parte dos ímpios, que procurarão destruí-los. E
assim como o patriarca lutou toda a noite para conseguir livramento
da mão de Esaú, clamarão os justos a Deus, dia e noite, por
livramento dos inimigos que os cercam.
«Satanás acusara Jacob
diante dos anjos de Deus, pretendendo o direito de destruí-lo por
causa do seu pecado; levara Esaú a marchar contra ele; e, durante a
longa noite de luta do patriarca, Satanás esforçou-se por impor-lhe
a intuição da sua culpa, a fim de o desanimar, e romper o seu apego
com Deus. Quando, na sua angústia, Jacob lançou mão do Anjo, e com
lágrimas suplicou, o Mensageiro celeste, a fim de provar a sua fé,
lembrou-o também do seu pecado, e esforçou-se por escapar dele. Mas
Jacob não quis demover-se. Aprendera que Deus é misericordioso, e
lançou-se à Sua misericórdia. Fez referência ao arrependimento do
seu pecado, e implorou livramento. Ao rever a sua vida, foi impelido
quase ao desespero; mas segurou firmemente o Anjo, e com brados
ardorosos, aflitivos, insistiu na sua petição, até que prevaleceu.
«Tal será a experiência do
povo de Deus na sua luta final com os poderes do mal. Deus lhes
provará a fé, a perseverança, a confiança no Seu poder para os
livrar. Satanás esforçar-se-á por aterrorizá-los com o pensamento
de que os seus casos são sem esperança; que os seus pecados foram
demasiado grandes para receberem perdão. Terão uma intuição
profunda dos seus malogros; e, ao reverem a sua vida,
soçobrar-lhes-ão as esperanças. Lembrando-se, porém, da grandeza
da misericórdia de Deus, e do seu próprio arrependimento sincero,
alegarão as Suas promessas, feitas por meio de Cristo, aos pecadores
desamparados e arrependidos. A sua fé não faltará por não serem
as suas orações respondidas imediatamente. Apoderar-se-ão da força
de Deus, assim como Jacob lançou mão do Anjo; e a expressão da sua
alma será: ‘Não te deixarei ir, se me não abençoares’.
«Se Jacob não se houvesse
arrependido previamente do pecado de obter a primogenitura pela
fraude, Deus não poderia ter ouvido a sua oração e
misericordiosamente preservado a sua vida. Assim, no tempo de
angústia, se o povo de Deus houvesse de ter pecados não
confessados, para aparecerem diante deles enquanto torturados pelo
temor e angústia, abater-se-iam; o desespero lhes cortaria a fé, e
não poderiam ter confiança para pleitearem com Deus o seu
livramento. Mas, conquanto tenham uma intuição profunda da sua
indignidade, não terão faltas ocultas a revelar. Os seus pecados
ter-se-ão obliterado pelo sangue expiatório de Cristo, e eles não
os podem trazer à lembrança.» (Ibidem,
pp. 200-202).
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Deus não Tolera o Mal
«Satanás
leva muitos a crer que Deus não tomará em consideração a sua
infidelidade nas menores coisas da vida; mas o Senhor mostra, no seu
trato com Jacob, que Ele não pode, de maneira alguma, sancionar ou
tolerar o mal. Todos os que se esforçam por desculpar ou esconder os
seus pecados, e permitem que eles permaneçam nos livros do Céu, sem
serem confessados ou perdoados, serão vencidos por Satanás. Quanto
mais exaltada for a sua profissão, e mais honrada a posição que
ocupam, mais ofensiva é a sua conduta aos olhos de Deus, e mais
certa a vitória do grande adversário.
«Contudo, a história de
Jacob é uma segurança de que Deus não repelirá aqueles que foram
atraídos ao pecado, mas que voltaram a Ele com verdadeiro
arrependimento. Foi pela entrega de si mesmo e por uma fé
tranquilizadora que Jacob alcançou o que não conseguira ganhar com
o conflito na sua própria força. Deus assim ensinou a Seu servo que
o poder e a graça divina unicamente lhe poderiam dar a benção que
ele desejava com ardor. De modo semelhante será com aqueles que
vivem nos últimos dias. Ao rodearem-nos os perigos, e ao apoderar-se
da alma o desespero, devem confiar unicamente nos méritos da obra
expiatória. Nada podemos fazer de nós mesmos. Em toda a nossa
desajudada indignidade, devemos confiar nos méritos do Salvador
crucificado e ressuscitado. Ninguém jamais perecerá enquanto fizer
isto. A lista longa e negra dos nossos delitos está diante dos olhos
do Ser infinito. O registo é completo; nenhuma das nossas ofensas é
esquecida. Aquele, porém, que ouviu os clamores dos Seus servos na
antiguidade, ouvirá a oração da fé, e perdoará as nossas
transgressões. Ele o prometeu, e cumprirá a Sua palavra.» (Ibidem,
p. 202).
Conclusão
«Jacob prevaleceu porque foi
perseverante e resoluto. A sua experiência testifica do poder da
oração importuna. É agora que devemos aprender esta lição da
oração que prevalece, de uma fé que não cede. As maiores vitórias
da igreja de Cristo, ou do cristão em particular, não são as que
são ganhas pelo talento ou educação, pela riqueza ou favor dos
homens. São as vitórias ganhas na sala de audiência de Deus,
quando uma fé cheia de ardor e agonia lança mão do braço forte da
oração.
«Aqueles que não estiverem
dispostos a abandonar todo o pecado e buscar fervorosamente a bênção
de Deus, não a obterão. Mas todos os que lançarem mãos das
promessas de Deus, como fez Jacob, e forem tão fervorosos e
perseverantes como ele o foi, serão bem-sucedidos como ele. ‘E
Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a Ele de dia
e de noite, ainda que tardio para com eles? Digo-vos que depressa
lhes fará justiça.’ (Lucas 18:7-8).» (Ibidem,
p. 203).
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