A
Bíblia, Ellen White e a Nova Terra
O
Dia Mundial dos Animais é comemorado todos os anos em 4 de Outubro.
Tudo começou em Florença, Itália, em 1931, numa convenção de
ecologistas. Neste dia, a vida animal em todas as suas formas é
celebrada, e eventos especiais são planejadas em locais por todo o
mundo.
O
4 de Outubro foi originalmente escolhido para o Dia Mundial dos
Animais, porque é o dia da festa de São Francisco de Assis, amante
da natureza e padroeiro dos animais e do meio ambiente.
A
Bíblia é clara quanto ao dever do justo de respeitar todas as
criaturas.
"O
justo atenta para a vida dos seus animais."
(Provérbios 12:10)
O
assunto é tão sério que Deus faz um alerta aos que não cumprirem
o dever de cuidar da natureza.
“Chegou
o tempo de (…) destruir os que destroem a terra.” (Apocalipse
11:18)
A
Bíblia também fala do cuidado protetor de Deus pelos
animais (Salmos
104:21; Deuteronómio 22:6 e 7; Mateus 6:26), e
é cheia de conselhos de amor e respeito aos animais. Vamos ver
alguns?
“Se
vir o jumento de alguém que o odeia caído sob o peso da sua carga,
não o abandone, procure ajudá-lo.” (Êxodo 23:5)
Até
a guarda do Sábado deve servir de descanso para os animais.
“Nesse
dia não farás trabalho algum, nem tu, nem teus filhos ou filhas,
nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal...” (Êxodo
20:10)
Os
animais não vivem ansiosos, pois Deus garante o seu sustento.
“Observem
os corvos: não semeiam nem colhem, não têm armazéns nem celeiros;
contudo, Deus os alimenta.” (Lucas 12:24)
“Os
leõezinhos rugem pela presa e buscam de Deus o sustento” (Salmo
104:21)
Se
devemos buscar a santidade e permitir que a imagem e semelhança de
Deus novamente se reproduzam em nós, devemos imitá-Lo também nesse
aspeto.
Aqueles
que reconhecem a sua dependência de Deus e fragilidade devem
entender um pouco a afeição demonstrada pelos animais e o seu
desejo de proteção e afeição. Ellen G. White comenta:
“Os
animais domésticos conhecem aquele que os alimenta diariamente. Até
os seres irracionais sabem onde encontrar o seu alimento, e por isso
sentem certo carinho pela pessoa que os sustenta.” (Comentário
Bíblico Adventista, vol. 4, p. 137)
A
escritora e educadora Ellen White dispensava um carinho todo
especial, não apenas ao seu cãozinho de estimação ,
como a todos os demais animais com que tinha contato. No
livro Histórias
de Minha Avó,
p. 17 (CPB), a neta de Ellen, Ella M. Robinson, narra o seguinte:
“Independentemente
de onde morássemos, se houvesse algum animal doméstico por perto, a
avó fazia amizade com ele. Assim que os pés dela tocavam o chão do palheiro, o
pónei relinchava as boas-vindas e estendia o pescoço para o afago
que ele já sabia que receberia. A avó não suportava ver os animais
a serem maltratados porque, dizia ela, ’eles não podem contar-nos
os seus sofrimentos‘.”
O
nosso papel, dado de Deus no Éden, é cuidar, proteger as criaturas
d’Ele. Ellen White nos fala mais:
"Aquele
que maltrata os animais porque os tem no seu poder, é tão covarde
quanto tirano. A disposição para causar dor, quer seja ao nosso
semelhante quer aos seres irracionais, é satânica. Muitos não
compreendem que a sua crueldade haja de ser conhecida, porque os
pobres animais mudos não a podem revelar.
Mas,
se os olhos desses homens pudessem abrir-se como os de Balaão,
veriam um anjo de Deus, em pé, como testemunha, para atestar contra
eles no tribunal celestial.
Um
relatório sobe ao Céu, e aproxima-se o dia em que se pronunciará
juízo contra os que maltratam as criaturas de Deus."
(Patriarcas e Profetas, p. 324)
Aqueles
que têm animais de estimação, volta e meia são surpreendidos com
a inteligência e o carinho manifestados por esses animais. A
respeito disso Ellen White escreveu:
“A
inteligência apresentada por muitos mudos animais chega tão perto
da inteligência humana, que é um mistério. Os animais veem e
ouvem, amam, temem e sofrem. ... Manifestam simpatia e ternura para
com seus companheiros de sofrimento.
Muitos
animais mostram pelos que deles cuidam uma afeição muito superior à
que é manifestada por alguns membros da raça humana. Criam para com
o homem apegos que se não rompem senão à custa de grandes
sofrimentos da sua parte.” (A Ciência do Bom Viver, pp. 315 e 316)
Noutra
ocasião, Ellen White escreveu aos seus filhos Edson e Willie:
“Uma
pessoa não pode ser cristã e permitir que o seu mau gênio se
acenda diante de qualquer pequeno acidente ou aborrecimento que se
lhe depare, pois revela que nela está Satanás em lugar de Jesus
Cristo.
O
colérico espancar de animais ou a tendência de se mostrar como
dominador, é frequentemente exibido nas ruas com animais criados por
Deus. Desabafam a sua ira ou impaciência sobre objectos indefesos,
que mostram serem superiores aos seus donos. Tudo suportam sem
represália. Filhos, sejam bondosos com os animais, que não podem
falar. Jamais lhes causem desnecessariamente dores. Eduquem-se a si
mesmos em hábitos de bondade. Então ela se tornará habitual.
Vou
mandar-vos um recorte de jornal, e decidam por vocês mesmos se
alguns animais irracionais não são superiores a alguns homens que
se permitiram embrutecer-se pelo cruel procedimento com os animais.”
(Life Sketches, p. 26, citado em Perguntas que Eu Faria à Irmã
White, p. 57)
Não
é por acaso que o ser humano foi encarregado, logo nos primeiros
momentos da história deste mundo, de cuidar dos animais. Fazia parte
da nossa missão, não persegui-los e utilizá-los como alimento.
Muito menos divertir-nos às custas do sofrimento dessas criaturas
com quem dividimos o globo.
Com
o pecado, houve separação em todos os níveis de relacionamento:
entre o ser humano e Deus, entre o homem e a mulher, e entre os seres
humanos e os animais.
Os
bichos, que antes tinham prazer em estar perto das pessoas, agora
fugiam amedrontados daquele que aos poucos tornava-se o seu principal
predador – o homem. Que tristeza!
O
convite do evangelho é para permitirmos que Deus nos transforme, a
fim de que sejamos uma vez mais, á Sua imagem e semelhança.
Essa
transformação evidencia-se, também pela manifestação do fruto do
Espírito, em cujos “gomos” encontramos a bondade.
E
a bondade dos filhos de Deus deve se manifestar no trato com todas as
criaturas.
“Deus
requeira supremo amor a Deus e amor imparcial ao próximo, o vasto
alcance dos seus reclamos toca também às criaturas mudas que não
podem expressar nas palavras as suas necessidades e sofrimentos.
'O
jumento que é do teu irmão ou o seu boi não verás caídos no
caminho e deles te esconderás; com ele os levantarás, sem falta.
(Dt
22:4).
Aquele
que ama a Deus, não somente amará o seu semelhante, mas considerará
com terna compaixão as criaturas que Deus fez.
Quando
o Espírito de Deus está no homem, leva-o a aliviar o sofrimento
antes que a criá-lo.” (Beneficência Social, p. 48)
Esse
assunto é tão importante que Ellen White recomenda até observar o
relacionamento do futuro cônjuge com os animais, a fim de se ter uma
ideia da sua sensibilidade e humanidade.
Concluindo,
gosto de pensar na harmonia e boa convivência que existirão na Nova
Terra. Lá ninguém mais olhará um bezerro ou uma ovelhinha como um
“suculento churrasco”.
A
cadeia alimentar na qual existem presas e predadores não existirá
mais, pois o “lobo habitará com o cordeiro, e o leopardo se
deitará junto ao cabrito; o bezerro, o leão novo e o animal cevado
andarão juntos... a vaca e a ursa pastarão juntas, e as suas crias
juntas se deitarão; o leão comerá palha como o boi ... não se
fará mal nem dano algum em todo o Meu santo monte, diz o
Senhor” (Isaías
11:6 e 65:25).
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